quarta-feira, 4 de agosto de 2010

Bloody Mary Babe!

Bloody Mary Babe.
O começo de semana normalmente é peculiar. Os melhores clientes aparecem durante a semana, fugindo do caos de uma sexta-feira ou do movimento exacerbado de um sábado. Normalmente você raciocina o seu estoque e passa as horas limpando, organizando e equipando o bar para os dias onde sorrir é mecânico e segundos são preciosos.

Em uma segunda-feira qualquer preparei um bloody mary.

Coquetel a base de suco de tomate temperado e vodca. Dois grandes amigos prometeram bebê-lo em todo bar que entrassem para ter um parâmetro do que estava sendo feito no querido balcão que lustrava.
Frases jogadas se misturaram a receitas, ócio e lembranças de uma professora de história que não se dava ao luxo de controlar uma sala, falava calmamente com um tom sereno que era absorvido apenas por ouvidos interessados.
Mary Pickford.
Ao requisitar o G.O.G (essa querida ferramenta detentora das verdades terrenas) enquanto ouvia G.O.G (Mc brasiliense com uma sensibilidade poética intrigante) achei fotos de uma rainha inglesa cruel, perseguidora de hereges que adorava uma muvuca e uma guilhotina, além de alusões há uma famosa garçonete do bar “bucket of blood” de Chicago e uma referência à Mary Pickford, atriz americana do cinema mudo (lançada em 1930 por David Griffit, trabalhou em cerca de 200 filmes, ao lado de Chaplin fundou a United Artists e de quebra levou o oscar de melhor atriz em 1930).

Fernand Petiot do Harry's 'New Yourker' Bar de veneza, toma pra si a criação na década de 20 e vai além. Diz que só adicionou tabasco a pedidos do príncipe russo Serge Obolensky.

Na década de 30 aparece um novo criador (com menos defensores) chamado Bertin Azimont, do hotel Ritz de paris, que criou o coquetel a pedido de, ninguém menos que Ernest Hemingway (esse é pressente na coquetelaria tanto quanto na literatura), que por sua vez queria uma mistura que não deixasse cheiro para que assim não tivesse que dormir na sala quando desse de frente com a esposa.

Segundo a I.B.A a receita é a seguinte:


  • 4,0 cl de Vodca

  • 10 cl de suco de tomate

  • 1.0 cl de suco de limão

  • Temperos: sal de aipo, Tabasco, molho inglês, pimenta do reino.

  • Método: montado.

  • Copo: long drink

  • Guarnição: talo de salsão, talo de cenoura ou limão.



Rainha I da Inglaterra.
Os mais radicais adicionam todos os temperos antes, fazendo uma mistura escura, devido ao molho inglês, dizendo que primeiro se faz a parte negra, uma referência a macabra e sanguinária rainha, e depois é que  começamos a parte boa da pequena obra de arte.

Numa dessas segundas ociosas e paradas fui a cozinha e vi algo que mudaria aquela semana.

Estava na minha frente o ágar-ágar, um hidrocolóide extraído de algas, muito comum na culinária 'vegan' para a obtenção de novas texturas.

Feita as devidas proporções (agradeço o Will que foi muito paciente comigo apesar de ter na frente uma produção absurda) o sangue de maria não foi mais o mesmo.

Obter o caviar foi difícil, aconselho molhá-lo com vodka para concentrar o sabor.

Eles explodem na boca enquanto se fundem com o suco de tomate, causando um momento único.

Uma cliente uma vez me disse: - isso está tão bom que posso até mastigá-lo - muito bem mastigue esse coquetel.

Caviar de Vodka com suco de tomate temperado.


São nesses dias em que tudo parece chato e insosso que não podemos deixar passar pequenas coisas, muito menos gestos simples.

Enjoy.

2 comentários:

  1. Ai Sim !
    Po ta bem dahora mano !
    isso ai temos q abrir os horizontes e quebrar regras pre estabelecidas de como deve e nao devem ser as coisas !
    Ricardo Gimenes
    http://cozinhapirata.blogspot.com/

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  2. Rafa

    sensacional!

    me senti quase homenageada de tanto que já te pentelhei por causa desse coquetel!
    hahahaha
    me-ti-da

    E a busca pelo melhor bloody mary ainda continua!!!

    Tomei esses dias um sensacional!
    No Bar do Full Jazz!!!!

    Aliás é um bar que você devia conhecer....

    hahaha

    Amei

    Beijo

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